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«Escrever. Porque escrevo?
Escrevo para criar um espaço habitável da minha necessidade, do que me oprime, do que é difícil e excessivo. Escrevo porque o encantamento e a maravilha são verdade e a sua dedução é mais forte do que eu. Escrevo porque o erro, a degradação e a injustiça não devem ter razão. Escrevo para tornar possível a realidade, os lugares, tempos, pessoas que esperam que a minha escrita os desperte do seu modo confuso de sempre. E para evocar e fixar o percurso que realizar, as terras, gentes e tudo o que vivi e que só na escrita eu posso reconhecer por nela recuperarem a sua essencialidade, a sua verdade emotiva, que é a primeira e última que nos liga ao Mundo. Escrevo para tornar visível o mistério das coisas. Escrevo para ser. Escrevo sem razão.»
Vergílio Ferreira, em Pensar
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