sexta-feira, janeiro 27, 2006

A relatividade das coisas

Quando criei "Do Tecto do Mundo" não sabia muito bem o que ou sobre que iria escrever. Este post que decidi publicar, é um "desabafo". Uma reflexão sobre como os nossos "problemas" podem tornar-se tão relativos quando comparados a realidades tão cruéis e injustas como as que hoje assisti e perante as quais não consegui ficar indiferente...

A dor de perder um filho deve ser inimaginável, inquantificável e impossível de traduzir por palavras!

Hoje presenciei a algo que me marcou profundamente e que, certamente, vai acompanhar-me para o resto da vida!
Assisti, com toda a certeza, à manifestação da maior (não sei que termo usar) dor que alguém deve sentir na sua vida, a que ninguém conseguiu ficar indiferente... Penso que, como eu, todas as pessoas que lá estavam, partilharam desse sofrimento!
Falo da dor e desespero de uma mãe - porque foi ela quem mais me marcou - que chora a morte de seu filho, um jovem de 25 anos, que pôs fim à sua própria vida.
Ecoa, ainda, na minha cabeça a pergunta: "Porquê?"...

Foi perante tamanho desespero e desolação que tomei consciência no quão insignificantes se podem tornar os nossos GRANDES "problemas". Esses, que nos tiram o sono, a fome e, até por vezes, a vontade de nos levantarmos de manhã... Eles existem, é verdade! São reais e a dor que sentimos também o é (e de que maneira!)!

Mas nenhuma dor se compara com as imagens de dor que neste dia ficaram gravadas na minha memória!
Sempre que temos problemas ouvimos dizer que a única coisa que não tem remédio é a morte. Tudo para além disso, tem uma solução. Mas confesso que só hoje senti o verdadeiro significado desta expressão.
O que são os nossos problemas comparados com a dor e o sofrimento daquela família (e daquela mãe) que amanhã, quando acordar, vai tomar consciência de que a casa está mais vazia(...)?
Acho que vou adormecer a pensar nisto...

Deixo aqui uma palavra de conforto e Amizade a uma pessoa muito especial, R....., que, apesar da sua frágil figura, tem revelado, perante todas as "partidas" que a vida lhe tem pregado, uma coragem e força inimagináveis!É, sem dúvida, uma pessoa fora de série (mesmo eu sabendo que no seu interior sofre, e sofre muito!).

Tenho orgulho de poder dizer que sou sua Amiga!

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

O tempo e a sua passagem apagarão de certo a dor da surpresa, a dor da realidade recente... Mas a passagem do tempo trará também a imensa saudade, a recordação de uma imagem que já se não pode tocar... É muito difícil, inconcebível por muitos, aqui permanecer sem quem se ama. O desnorte, a falta de rumo, a desorientação que se sentem são cruéis.
Porém a vida segue, e com ela novas exigências nos são feitas.
De cada vez que alguém parte (e partir não é só morrer) um pouco de nós (por vezes, muito de nós) também vai embora, no entanto um outro lado nos grita para que sobrevivamos e façamos a nossa vida. Há sempre mais alguém que depende de nós, que vive por nós e nos ama. É isso que a fará sobreviver!

janeiro 29, 2006 9:05 da tarde  
Blogger MBSilva disse...

HOJE é difícil compreender (ou aceitar) o que escreve...
Porque não consigo deixar de pensar que a vida consegue ser muito injusta!
Mas espero um dia conseguir sentir, ver e reconhecer as coisas com a mesma serenidade e lucidez que transmite nas suas palavras!

Obrigada...

janeiro 30, 2006 10:32 da manhã  

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