sexta-feira, janeiro 26, 2007

Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva ...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer,
lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja ...
Alberto Caeiro

2 Comentários:

Blogger JTR disse...

«...é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!»

Há qualquer coisa de absolutamente belo, neste poema... Inspira, mas ao mesmo tempo é desconcertante... Impressiono-me de cada vez que o lei, ou que o oiço cantado...

Não sei porque, mas lembrei-me logo dele ao ler as suas palavras...

janeiro 26, 2007 8:50 da tarde  
Blogger MBSilva disse...

Entendo e partilho da sua opinião...

:)

janeiro 27, 2007 11:28 da manhã  

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