quarta-feira, abril 25, 2007

Uma história que chegou ao Tecto que não resisti em partilhar...

... e quando terminarem de a ler, certamente, perceberão porquê.

«Hoje, se me deixarem, venho contar uma história. Não uma história minha, mas uma história de vida (DEVIDA).

Desde há cerca de ano e meio a esta parte a Antena 1, todos os dias da semana e três vezes por dia, tem um programa de 5 minutos onde é lida uma história enviada pelos ouvintes. Deve ser verdadeira e em folha A4. Depois, é seleccionada e lida por dois actores de teatro, creio.
Na 6ª feira passada foi lida a história enviada por um Homem de Anadia de quem, lamentavelmente, não memorizei o nome, mas é uma história que pode ser contada pela maioria dos portugueses com mais de 50 anos.

Contava então o autor que quando era pequeno vivia em Lisboa com os avós. O avô era operário no Arsenal do Alfeite e a avó, uma jovem camponesa, loira e de olhos azuis que tinha ido viver para a capital. Havia um dia do mês que iam ao cinema, ao Éden, creio, talvez para os lados de Belém. No entanto, havia um problema, pois a avó não sabia ler, pelo que a história do filme, perdia-se. Para que tal não ocorresse, o neto, aqui autor da história, debruçava-se sobre o ouvido da avó e de forma a não perturbar as outras pessoas, sussurrava-lhe as legendas. Contudo, num dia, as pessoas na fila de trás, sentiram-se perturbadas e protestaram. O neto, jovem de 12 anos, perante tal protesto, encolheu-se na sua cadeira enquanto a avó lhe pedia para se deixar estar sossegado. Durante o filme foi deitando um olhar de soslaio e sentiu a tristeza da avó por não alcançar o sentido do filme pela impossibilidade de acompanhar os diálogos. No fim, quando as luzes se acenderam e voltou a olhar a avó, viu como as lágrimas lhe corriam pela face revelando uma imensa tristeza pela impossibilidade de alcançar uma parte da vida por não saber ler.
Termina o autor dizendo que da história do filme já não se lembra, mas as lágrimas da avó nunca mais as vai esquecer.
Esta história tinha ainda uma particularidade.
O autor acrescentou um P.S. que foi lido e no qual dizia, mais ou menos o seguinte:
Há dias atrás a televisão pública passou um programa onde se elegeu um certo senhor, que entre outras coisas, cultivou o analfabetismo de um povo inteiro, como um dos grandes portugueses. Pelos vistos – dizia – há pessoas que já esqueceram e outras que parecem ter perdoado, mas, acrescentava, por mim, não lhe perdoo nenhuma das lágrimas da minha avó.
Embargado, pensei para comigo: eu TAMBÉM NÃO.»
"EU TAMBÉM NÃO!", disse quem me "contou" esta história.
E terminava assim:
"25 de Abril ... SEMPRE!"

4 Comentários:

Blogger esse disse...

Eu também não!

abril 25, 2007 11:16 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Eu também não!

abril 25, 2007 11:34 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Com a inclusão da história no teu "TECTO" também fizeste correr algumas lágrimas no meu rosto ...

Lágrimas que exprimem a alegria e o reconhecimento pelo facto de sentires estes valores e os partilhares, com todos, no teu "TECTO" e, pelos vistos, com eco ...

Obrigado e desculpa a pieguice (a idade não perdoa)!

PAISÃO

abril 26, 2007 10:33 da manhã  
Blogger MBSilva disse...

Só tenho uma coisa a dizer:

ADORO-TE! :)

abril 26, 2007 8:27 da tarde  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial