Cada um
Cada um cumpre o destino que lhe cumpre,
E deseja o destino que deseja;
Nem cumpre o que deseja,
Nem deseja o que cumpre.
Como as pedras na orla dos canteiros
O Fado nos dispõe, e ali ficamos;
Que a Sorte nos fez postos
Onde houvemos de sê-lo.
Não tenhamos melhor conhecimento
Do que nos coube que de que nos coube.
Cumpramos o que somos.
Nada mais nos é dado.
Ricardo Reis
publicada por MBSilva às
12:27 da tarde
2 Comentários:
podias fazer uma analise do poema?
Caro Pedro,
É curioso que me peça isso… Creio que é a 1ª vez que me pedem para analisar os textos que publico.
Devo confessar que este poema de Ricardo Reis tem bailado pelo meu pensamento nestes últimos dias!
Esse postal já tem muitos meses e, como deve calcular, foi “escrito” por razões específicas. Nessa altura, por razões que não interessa desenvolver, uma dúvida assolava o meu pensamento: deveria escolher a razão ou o coração?
E… descobri este poema! De onde retiramos que tudo parece ter o seu fim definido e de que tudo já está irremediavelmente traçado. E parece que devemos conformar-nos com o que se nos depara… Assim, a resposta estaria na razão.
Creio que naquela altura procurava (desesperadamente) acreditar nisso! Que deveria aceitar as coisas como elas são! Sem questionar…
Mas… [Comigo há sempre um mas!]
Sempre acreditei que tudo, na nossa vida, acontece por alguma razão! E não acredito que aconteçam… para nada! Ou melhor, não acredito (não quero acreditar) que aconteçam para, depois, ficar a pensar no que poderia ser… É como oferecer um doce a alguém, deixá-lo provar para depois tirá-lo dessa pessoa … Não sei se me estou a fazer entender… Provavelmente, não! :P
Enfim… Apesar de tudo, acho que sou uma pessoa que não consegue conformar-se! Continuo a acreditar que as coisas acontecem por uma razão. E, mais cedo ou mais tarde, essa razão vai revelar-se!
Um pouco confuso?!? Acredito... mas foi o melhor que pude, num dia que já vai longo!
Satisfeito? Já agora gostava de conhecer a sua opinião, ou análise.
Volte sempre.
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