quinta-feira, maio 03, 2007

Hoje o "Tecto" desce à Terra...

Após muito pensar, decidi que chegou a altura de 'descer' do “Tecto do Mundo” e por os pés bem assentes na terra.
Acabo de (re)ler todo este meu espaço, de fio a pavio...
Os motivos, esses, não sei explicar (ou não quero), mas neste momento (aqui e agora!) sinto que o devo fazer.
Uma decisão penosa porque cada postal foi escrito e criado com gosto, muito carinho e dedicação. Posso assegurar, que este “Tecto” tem muito de mim… atrevo-me a dizer que muito do melhor de mim está neste aglomerado de postais. E foi com a melhor das intenções que partilhei histórias, “estórias”, opiniões, fotografias (minhas ou não), poemas, pinturas, pensamentos e… sentimentos com todos que aqui “subiram”. Perdoem-me a imodéstia, mas espero ter contribuído para que parassem, por instantes, para pensar nas coisas belas que a vida tem para nos oferecer, na mesma linha do pensamento de um poeta que passará a acompanhar-me: querer “…a delícia de poder sentir as coisas mais simples”.
Pretendo voltar a subir ao "Tecto". Disso não tenho dúvidas! Quando? Não sei…
Só que, neste momento, estou cansada... muito cansada! E sinto que devo seguir um outro caminho... mais simples! Pretendo (re)encontrar-me… (Re)descobrir quem fui, quem sou e, até, quem devo ser!
Sempre gostei de coisas simples e reconheço que nos últimos tempos perdi-me… Lembro, agora, um conselho que me deram para agarrar o mundo, voar e ir por aí… Abrir horizontes, conhecer coisas novas e vencer novos desafios. Agarrar o mundo e tudo o que ele tem de belo. Viver cada dia, plenamente, com dignidade, mas a pensar em mim, também.
Quero recuperar e redescobrir os meus sonhos. E porque não, "todos os sonhos do mundo"?!? Onde me levarão, não sei! Mas espero que me levem a um local mais seguro, sem armadilhas e mentiras.
Há quem me diga que esse “porto seguro” pode estar muito perto, mais perto do que aquilo penso. Seja como for, não pretendo encetar uma busca desesperada! Acredito que, calmamente, encontrarei o caminho para esse tal "porto seguro"… sem pressas…
Quero, principalmente, recuperar a capacidade de sentir e reconhecer as coisas belas (principalmente as mais simples) e a capacidade de (as) amar da única forma que sei e conheço, que acho mais correcta, sincera e (sempre) transparente… mas... sem nunca mais esquecer que tão bom como dar, é, também, receber!
Apesar da tristeza e do aperto no coração que sinto neste momento pela decisão que tomei, deixo um sorriso muito meu...

... a todos que "subiram" aqui e vieram por bem!

Relembro um pensamento com que iniciei esta "aventura" e que não podia ser mais adequado:
"God give me the serenity to accept the things I can't change,
the courage to change the things I can
and the wisdom to Know the difference
."
The serenity prayer
Até já...

quarta-feira, maio 02, 2007

Depois de um necessário "retiro"...



A princípio é simples anda-se sozinho, passa-se nas ruas bem devagarinho. Está-se no silêncio e no borborinho, bebe-se as certezas num copo de vinho e vem-nos à memória uma frase batida: hoje é o primeiro dia do resto da tua vida... hoje é o primeiro dia do resto da tua vida... Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo, dá-se a volta ao medo dá-se a volta ao mundo. Diz-se do passado que está moribundo, bebe-se o alento num copo sem fundo e vem-nos à memória uma frase batida: hoje é o primeiro dia do resto da tua vida... hoje é o primeiro dia do resto da tua vida... E é então que amigos nos oferecem leito, entra-se cansado e sai-se refeito. Luta-se por tudo o que leva a peito, bebe-se come-se e alguém nos diz bom proveito e vem-nos à memória uma frase batida: hoje é o primeiro dia do resto da tua vida... hoje é o primeiro dia do resto da tua vida... Depois vem cansaços e o corpo fraqueja, olha-se para dentro e já pouco sobeja. Pede-se o descanso por curto que seja, apagam-se dúvidas num mar de cerveja e vem-nos à memória uma frase batida: hoje é o primeiro dia do resto da tua vida... hoje é o primeiro dia do resto da tua vida... Enfim duma escolha faz-se um desafio, enfrenta-se a vida de fio a pavio. Navega-se sem mar sem vela ou navio, bebe-se a coragem até dum copo vazio e vem-nos à memória uma frase batida: hoje é o primeiro dia do resto da tua vida... hoje é o primeiro dia do resto da tua vida... E entretanto o tempo fez cinza da brasa e outra maré cheia virá da maré vaza. Nasce um novo dia e no braço outra asa, brinda-se aos amores com o vinho da casa e vem-nos à memória uma frase batida: hoje é o primeiro dia do resto da tua vida... hoje é o primeiro dia do resto da tua vida... Sérgio Godinho
[auto-retrato]